segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A reabertura dos cinemas e as novidades das telas

Cinemas, teatros e eventos sociais começam a reabrir lentamente no Brasil. Mesmo com a reabertura autorizada pelo Governo de várias capitais, todos devem obedecer a uma série de protocolos para evitar a propagação do novo vírus que nos rodeia diariamente, COVID-19.



No Rio Grande do Sul, na cidade de Santa Rosa, o cinema está com as portas abertas desde o mês de abril, com autorização do prefeito do município e seguindo todas as regras de distanciamento exigidas, no local era permitido receber em torno de 800 pessoas por sessão, atualmente o espaço é reduzido para a capacidade máxima de 200 pessoas, sendo que estas só podem sentar-se lado a lado se forem juntas.

Com a flexibilização nos demais municípios, será necessário manter o distanciamento de uma fileira desocupada entre o público, o uso da máscara será indispensável, as salas e poltronas devem passar por higienização obrigatória entre as sessões e os ingressos deverão ser vendidos somente via internet, para assim evitar a aglomeração nos ambientes de entretenimento.

O que deve brilhar nas telas dos cinemas é o filme “Mulan”, a guerreira chinesa da Disney. A expectativa sempre aumenta quando se trata de uma nova versão de um clássico, e este promete, é o remake mais caro da Disney, com um orçamento de US$ 200 milhões.

 




A cineasta Niki Caro nos apresenta uma Mulan com verdade no olhar. O filme conta a história de uma menina que sonha em ser guerreira e arrisca a própria vida para dar orgulho a sua família e a sua pátria.

A protagonista é colocada inúmeras vezes em situações onde o machismo predomina, desde sua casa, onde ouve que é necessário calar o dom que carrega, pois essa virtude é para filhos homens, até o local de treinamento, quando escuta seus colegas conversando sobre como seria a mulher ideal, e que estas não eram espertas e corajosas. Mulan carrega consigo uma mentira que a atormenta, a de ser uma mulher, e consequentemente, não poder ser verdadeira.

Em questões de fotografia, o filme é de encher os olhos, a beleza com que é apresentada a natureza, o vilarejo onde a protagonista vive e as cores é deslumbrante, a sofisticação do filme mostra que todo centavo investido ali foi, certamente, bem aproveitado.

A jornada de Mulan é épica, sua força e convicção de quem realmente é, e quer ser, nos prende do início ao fim, na torcida para vê-la ser reverenciada e respeitada pela nação e pela família.

 


Seja em uma sala de cinema ou no conforto do sofá de casa, não perca de viver essa aventura juntamente com Hua Mulan e, apreciar a obra de arte destinada a nós telespectadores. Assim como ela enfrenta seus inimigos nas telas, enfrentemos nós também nosso inimigo atual com muita coragem e esperança.


*Colaboração da acadêmica de jornalismo Maria Fernanda. Texto publicado no Jornal Informal.


https://www.jornalinformal.com.br/index.php?m=news&a=detail&id=10221

quinta-feira, 28 de maio de 2020

A saga de escolher uma TV nova

Este modelo foi meu sonho de consumo anos atrás...
Em um passado remoto, nos idos dos anos 80 e 90, escolher uma TV nova para casa era uma tarefa bem simples. Basicamente se trocava a TV de casa quando ocorria algum problema sem possibilidade de conserto, ou se desejasse aumentar o tamanho de alguma existente ou ainda para adicionar outra em algum outro cômodo da casa, que era raro na época. Elas nos atendiam plenamente e duravam quase que uma vida inteira.

Após a década de 70, quando chegaram as TV’s a cores no Brasil, a substituição era por algum dos motivos expostos acima, e em alguns casos para finalmente adquirir uma TV em cores, pois quando essas chegaram ao Brasil eram extremamente caras.  Afinal, como toda tecnologia nova e recente, ela tinha o seu preço a ser cobrado.

Tecnologia essa que nunca mais parou de inovar, a cada período com uma velocidade maior, que para a grande maioria das pessoas se torna praticamente impossível de ser acompanhada. Seja pela velocidade das inovações, seja pelos preços cobrados ou simplesmente por não ser fácil conhecer e entender a “sopa de letras tecnológica” que são nos apresentadas em cada anúncio de uma TV nova que chega ao mercado.
LG Oled C9 uma das tops

Fenômeno semelhante eu testemunhei nos anos 90 e 2000 quando a informática passou a se movimentar com inovações freqüentes, nas mais variadas frentes, de games a acessórios. Como eu trabalhava com tecnologia na época, para mim, era fácil conhecer os termos e estar sempre atualizado, tendo orientado inúmeros amigos, colegas e empresas a fazer investimentos e melhorias na área. Bons tempos esses. Hoje, com a predominância dos celulares e notebooks, os computadores se tornaram produtos simples de comprar, ficando o usuário expert que escolhe as peças e configurações classificados em alguns nichos, como os gamers e alguns outros mais específicos.

Por outro lado, a Televisão, de uma escolha que era apenas de tamanho ou cor (nos anos 80) e se a tela seria plana ou côncava (nos anos 90), se tornou uma escolha tão complicada hoje em dia, quanto à compra de um computador na virada do século. Tão complicada que muitas pessoas acabam ficando com medo de fazer uma compra errada de um produto muitas vezes de preço elevado.

Mas tentarei ajudar e simplificar as escolhas a seguir.

Para começar sua busca e encontrar a melhor opção se faz necessário definir 3 critérios essenciais que irão auxiliar muito a escolha. São eles:

1 – Principal finalidade e conteúdo que vai assistir nesta TV;
2 – Tamanho desejado;
3 – Orçamento;

Ao final da busca, a TV ideal será aquela que conseguir mesclar esses três critérios de maneira mais uniforme, dando prioridade aqueles com maior importância em cada perfil de usuário. Para auxiliar a chegar neste denominador comum, vamos falar sobre cada um deles e como cada um pode influenciar na escolha ideal.

Ao definir a principal finalidade da TV, temos a nossa tarefa facilitada, pois com ela podemos eliminar uma série de opções que se oferecem na mídia que nos bombardeia com inúmeras opções e ofertas pagas, assim que se começa a pesquisar sobre aparelhos de TV nas redes sociais, Google e lojas online.

Se a principal finalidade for assistir a TV aberta ou mesmo TV por assinatura, por exemplo, de imediato podemos eliminar as opções mais caras do mercado. Pois apesar da evolução tecnológica constante, a principal função de uma TV é mostrar imagens e sons, o que qualquer TV atual consegue fazer. Para esta função você não precisa de uma TV cheia de recursos, tais como 4K, HDR, 3D, inteligência artificial, entre outras. De saída descartamos a necessidade de uma TV com tecnologia 4K, pois não temos nenhum canal aberto hoje no Brasil que transmita com esta tecnologia. Mesmo na TV paga existe uma oferta muito limitada de canais com conteúdo em 4K, inclusive no exterior. Aqui no Brasil tivemos apenas 2 canais que exibiam conteúdo em 4K e que não estão presentes nas empresas mais conhecidas, como NET, SKY, VIVO ou Oi. Justamente por isso, não se ouviu mais sobre estes canais que possivelmente foram descontinuados.
Samsung Q80R

Já se a sua intenção for assistir conteúdos com maior qualidade de imagem, como transmissões em Ultra HD, você precisará de uma TV 4K e com tecnologia Smart. Já que esses conteúdos somente são encontrados com facilidade na Netflix, Prime Vídeo e Youtube. Eventualmente alguns canais fazem transmissões especiais e esporádicas em 4K, como o SporTv durante a Copa do Mundo de 2018 e o Multishow durante o Rock in Rio e alguns outros Shows, porém apenas a NET possui planos 4K para assinatura e conteúdos em 4K no NOW. A Oi fez apenas exibição para convidados e clientes selecionados em poucos lugares. Outra opção para assistir conteúdos em 4K é baixar da Internet o conteúdo neste formato e armazená-los em um HD portátil para conectar na TV. Essas limitações de conteúdo também se devem a tecnologia que permitiu filmes em Blu-ray 4K não ter sido lançada no Brasil, estando disponíveis apenas através de importações, que devido ao dólar alto se tornam inviáveis devido aos altos custos.

Já a utilização e aproveitamento de games em 4K hoje em dia é a função que exige uma TV mais preparada e equipada com as mais recentes tecnologias, fazendo jus à compra de um televisor 4K de última geração e de grandes tamanhos que irão entregar toda a tecnologia e qualidade prometida nos consoles de última geração.

O que já começa a nos levar para os outros 2 critérios. O tamanho da TV atualmente é uma escolha mais pessoal do que técnica, visto que as famosas tabelas de relação de distância e tamanho de TV que circulam pela internet são bastante variáveis e se adaptam a qualidade do conteúdo. De maneira que a distância recomendada para um conteúdo de qualidade HD, não é a mesma para assistir conteúdos FullHD ou UHD (UltraHD 4K).
Sony XBR-X955G outra das top

Assim, também podemos deixar claro que televisores de 32 polegadas, em sua esmagadora maioria são produzidos com qualidade apenas HD, com resolução de 1366x768. Aonde os números acima se relacionam com a quantidade de pixels contados na horizontal e na vertical da TV, respectivamente. Como a imagem é formada por pixels, quanto maior a resolução (quantidade de pixels), menos defeitos e imperfeições se notará na imagem.

Já a resolução FullHD (1920x1080) é normalmente encontrada nas TV’s com tamanho a partir de 40 polegadas. É a qualidade de imagem utilizada na maioria das transmissões de canais em alta definição, nos filmes e séries em Blu-ray. Devido a sua alta qualidade de imagem, é possível assistir TV’s com conteúdo nesta resolução a uma distância menor, permitindo nos posicionar a cerca de 2m da TV com uma tela de 43” ou até de 50”.

A resolução UHD ou 4K (3840x2160), apesar de poder ser encontrada em televisores de 40 polegadas em diante, somente será melhor percebida em tamanhos de tela a partir de 55 polegadas. Para poder notar a diferença entre uma imagem em FullHD e outra em 4K em telas menores do que 55”, requer que o telespectador esteja muito mais próximo da TV, com uma distância máxima de até 1,5m. Já as imagens em 4K em uma tela de 55” podem ser assistidas a uma distância de 2m sem causar qualquer fadiga visual, devido a sua alta qualidade e quantidade de pixels, que nos impede de notar os defeitos na formação das imagens.
Comparação do tamanho das imagens em pixels.

Assim, uma pequena dose de bom senso nos permitirá decidir o tamanho ideal de TV para cada ambiente.

Já o último critério, preço, nos permitirá escolher a melhor televisão com a maior quantidade de tecnologias relevantes que poderemos comprar. Afinal, existem TV’s de tamanhos equivalentes, com tecnologias semelhantes, que chegam a custar até 3x mais do que outro modelo, às vezes da mesma marca. Alguns modelos de alta qualidade com 55" chegam a custar mais de R$ 4.000,00 enquanto outros, bem maiores podem passar dos R$ 100.000,00.

Entre as tecnologias embarcadas nos televisores e que interferem diretamente no preço podemos destacar, e resumir, as elencadas a seguir:

- Pixel. É o menor elemento em um dispositivo de exibição (por exemplo, um monitor), ao qual é possível atribuir-se uma cor. De uma forma mais simples, um pixel é o menor ponto que forma uma imagem digital, sendo que um conjunto de pixels com várias cores formam a imagem inteira.
Visual das imagens ao serem vistas de perto

- Tecnologia 3D. Hoje não são mais encontrados modelos novos a venda no Brasil, sendo que sua produção tem sido descontinuada ao redor do mundo devido a inúmeros fatores. Se você gosta de imagens em 3D, cuide de sua TV que possui o recurso ou procure em vendas de usados. Não existem transmissões em 3D, portando a única possibilidade de assistir este conteúdo na TV é com filmes em Blu-ray com esta tecnologia. Logo além da TV terá de possuir o reprodutor de Blu-ray compatível com a tecnologia 3D e os óculos que costumavam acompanhar tais TV’s.

- LED. Cerca de 95% das TV’s encontradas a venda hoje no mundo utilizam a tecnologia LED que evoluiu do LCD e eliminou as telas de Plasma que existiam anos atrás. Existem muitas variações de LED, desde as tradicionais LCD, como as que possuem tecnologias de aprimoramento como as QLED da Samsung, Triluminos da Sony e Nanocell da LG que permitem entregar uma qualidade maior de cor e brilho. Todas elas são LED que utilizam a tecnologia de pontos quânticos, por mais que o marketing das empresas tente vendê-las como se fossem uma tecnologia nova (especialmente o da Samsung). Apenas possuem alguns aprimoramentos que cobram o preço (alto) da evolução e entregam imagens melhores.

- OLED. O Oled também é uma evolução do LED, porém diferente em sua constituição, utilizando outros materiais que permitem um maior contraste. É a tela que permite as melhores qualidades de imagem por ser a única capaz de apresentar o preto absoluto, coisa que as LED não conseguem. Porém a Oled possui duas desvantagens em relação às LED: menor capacidade de brilho e a possibilidade de sofrerem o famigerado efeito burn-in (uma imagem estática ficar gravada ou “queimada” na tela para sempre). Como apenas uma pequena parcela de fabricantes utiliza esta tecnologia em pouquíssimos modelos à venda, o seu preço costuma ser maior que o das melhores telas de LED.

- Frequência (refresh-rate). Indica quantas vezes por segundo a tela do aparelho é atualizada. Informação que a maioria das pessoas não conhece ou sequer leva em consideração no momento de comprar uma TV. Quanto maior a freqüência, medida em hertz, melhor a TV irá lidar com imagens em movimento rápido, como jogos esportivos ou filmes de ação, eliminando rastros de imagem e o chamado efeito “blur”. A maioria dos televisores possui freqüência de 60hz, sendo que as melhores possuem freqüência de 120hz. Essa tecnologia pode ser nativa (ideal) ou simulada por software, que não alcança o mesmo efeito, sendo apenas um paliativo, que os fabricantes vendem com números cada vez maiores. Portanto procure descobrir a frequência real, ou nativa, do painel de TV.
Comparação de diferentes frequências e seu visual

- Tecnologia Smart. A maior parte das TV’s hoje possui a tecnologia Smart, que as transformam em verdadeiros centros de integração multimídia, possibilitando o acesso à internet e a serviços online através de aplicativos (app). Cada fabricante costuma escolher o seu tipo de interface, sendo os mais conhecidos o WebOS da LG, o Tizen da Samsung e o AndroidTV na Sony. Fabricantes menores costumam licenciar tecnologias mais “baratas” ou versões desatualizadas do Android, que deixam a navegação pelo controle remoto e a usabilidade da TV prejudicadas. Nesta questão, o ideal é ir até uma loja e pedir para testar a funcionalidade dos sistemas, até encontrar aquele que mais lhe agradará.
Android TV na Sony

- Local Dimming. Todos os painéis LED são retro iluminados*. A forma como isso é feito pode tornar uma TV melhor e bem mais cara do que outra. Existem basicamente dois tipos de retro iluminação: Edge-Lit e FALD (Full Array Local Dimming). Sendo que a principal diferença é como eles podem escurecer e iluminar partes da tela. As telas Edge-Lit (mais econômicas) possuem iluminação apenas nas bordas da tela, tendo menos qualidade de iluminação e escurecimento, aonde o preto na verdade é um cinza escuro; enquanto as telas FALD possuem iluminação por zonas em toda a traseira do painel, tendo muito mais qualidade no escurecimento (se aproximando da qualidade das telas OLED) e no brilho superior da tela em imagens mais claras. O HDR real somente pode ser alcançado por telas FALD. Muitos fabricantes anunciam tecnologia HDR até mesmo nas suas TV’s mais econômicas, sem a tecnologia FALD, o que acaba virando apenas marketing, sem resultados reais. Abaixo destaco duas imagens que comparam as telas em questão exemplificando como são feitas as iluminações (os LED que se acendem ou apagam) em cada tecnologia.

* Nos painéis OLED cada pixel possui brilho próprio que muda de cor ou se desliga para exibir a cor preta, o que resolve este problema.
Diferença entre painéis



Formas de iluminação em painéis


- HDR (High Dynamic Range ou alto alcance dinâmico). O HDR é um recurso desenvolvido para que dispositivos eletrônicos gerem ou reproduzam imagens que apresentem cores mais vivas, com melhores níveis de contraste, tons claros com mais brilho e tons pretos mais escuros. A idéia, portanto, é que uma tela com suporte a esse padrão, exibindo imagens com HDR, vá apresentar um resultado muito mais bonito esteticamente e com cores mais vivas e próximas à forma pela qual os olhos as veem naturalmente. O HDR funciona preservando detalhes de cor na imagem que, do contrário, acabariam perdidos nos padrões atuais de conversão de imagem. Além de a TV possuir essa capacidade, o conteúdo a ser reproduzido também deve ter sido produzido atendendo a estas especificações, permitindo que ao reproduzir a imagem a tecnologia altere os padrões de cor, brilho e contraste independente da calibragem que você aplicou à TV.

- HDMI ARC (Audio Return Channel). É a capacidade da conexão HDMI efetuar o caminho inverso. Ou seja, ao invés de apenas levar a imagem e o som de um dispositivo para a TV, permite que a TV envie áudio de volta, pelo mesmo cabo. Com isso é possível, por exemplo, ao ligar um Xbox à TV através de um cabo HDMI, a TV recebe a imagem e o som como seria o normal, porém através da porta HDMI ARC ela consegue enviar o som recebido para um dispositivo externo, como uma soundbar ou um Home Theater, diminuindo a quantidade de cabos e fios conectados na TV. O mesmo pode ser feito com o som da TV paga ou de outra fonte.
Conexão HDMI com tecnologia ARC

Além das tecnologias acima também procure verificar a quantidade de entradas HDMI para lhe atender, evitando assim a necessidade de ter de ficar conectando e desconectando equipamentos da TV a cada utilização. A maior parte dos equipamentos mais recentes utiliza as entradas HDMI para se conectarem com alta qualidade às TV’s, tais como vídeo-games, decodificadores de TV paga, DVD’s, Blu-rays, etc. A existência de entradas USB também facilitará a conexão de outros periféricos, como pendrives, que lhe permitirão ver fotos e vídeos pessoais com maior facilidade.

sábado, 15 de dezembro de 2018

40 (80) anos de uma lenda


 De tempos em tempos, eu reapareço por aqui. Em tempos de mídias sociais, lives e youtubers, a procura por um blog para ler sobre algum assunto caiu muito. Então não me sinto culpado por praticamente desaparecer daqui.
 
Blu-ray com imagem restaurada
Por volta de 1982 eu tive uma das melhores sessões de cinema da minha vida. Na verdade, foi “a” sessão de cinema. A que mudou minha vida e me tornou cinéfilo desde então.

O nosso antigo cinema de Uruguaiana, Cine Pampa, aos domingos à tarde, nas chamadas matinês, apresentava sempre duas sessões. Um filme novo e um filme que o cinema possuía em arquivo. Assim, desta forma pude ver muitos clássicos do cinema em tela grande, mesmo anos após seu lançamento, como ocorreu com Star Wars (1977), mas isso é uma outra história.

Quero falar hoje da sessão que me apresentou A lenda. Não o filme com Tom Cruise pois ele só viria em 1985. Mas aquele que é até hoje o maior filme de super-heróis de todos os tempos. Superman – O Filme, de 1978.
 
Edição especial em Blu-Ray
Eu ia ao cinema despretensiosamente, na década de 80 não haviam muitas opções, era ir ao cinema, jogar bola ou assistir TV em casa. Eu preferia ir ao cinema.

Em 15 de dezembro de 1978, foi lançado no Brasil Superman – O Filme. A maior aposta da Warner até então. Um dos filmes mais caros da história na época, que custou absurdos US$ 55.000.000. Pode parecer pouco hoje em dia, quando se fala em filmes que custam quase 300 milhões de dólares, como o atual, e péssimo, Batman vs Superman. Mas na época foi um absurdo.
 
O Super Bebê
Não por acaso o filme foi rodeado de problemas, polêmicas, demissões, brigas internas e tantos outros problemas. Nem mesmo o sucesso estrondoso do filme, que arrecadou mais de US$ 300.000.000, foi o suficiente para acalmar os ânimos dos produtores, que queriam mandar no filme a todo instante. Fato que foi um dos maiores problemas do filme e motivo pela demissão do diretor, Richard Donner, mesmo já tendo gravado praticamente o filme inteiro e mais da metade da continuação, Superman II, que foram gravados, em grande parte, simultaneamente. E olhem que Donner não era nenhum novato e recentemente havia filmado A Profecia, que havia sido um grande sucesso.
 
Os melhores Clark e Lois
É bem verdade que todo o dinheiro gasto na época, foi muito bem investido, como na contratação de nomes como Mario Puzzo (o escritor de O Poderoso Chefão) para retocar o roteiro após o mesmo passar por diversas mãos desde 1973. Marlon Brando para viver Jor-El (o maior salário da época, cerca de US$ 4.000.000 e mais participação na arrecadação da bilheteria por 10 minutos no filme), Gene Hackman para ser o melhor Lex Luthor da história e claro, os efeitos especiais que revolucionaram o cinema e nos fizeram acreditar que um homem podia voar. Cabe ressaltar que foram tão bem feitos que a Academia premiou o filme com um Oscar especial, já que a categoria de efeitos especiais ainda não existia.

A rede de cinemas Cinemark criou um evento único e exibiu o filme, remasterizado em 4K, no dia 04 de dezembro de 2018, em comemoração aos 40 anos de lançamento do filme. Infelizmente minha cidade ainda está sem uma sala de cinema e eu tive a oportunidade de, por motivos de serviço, ir a São Paulo e pensei em ver o filme. Mas infelizmente cheguei no dia 05 e o filme foi na véspera em exibição única.
 
Brincadeira com um velho clichê
Pois ontem a noite fiz uma sessão especial para mim mesmo, em casa, usando tudo o que tenho direito. Como assistir ao filme em sua versão estendida com cenas adicionais que haviam sido cortadas da versão de cinema, mas que foram restauradas quando do seu lançamento em Blu-ray. Assisti no escuro, com o home theater ligado em bom volume, para que seu som DTS-HD em 7.2 canais mostrasse toda sua potência.

O filme continua excelente. É claro que ele já mostra sinais do tempo, mas são 40 anos. Temos de relevar certas coisas. Mas uma delas ninguém questiona, Cristopher Reeve é o Superman definitivo. O maior de todos que já interpretaram o herói. Podem citar qualquer ator, mas ele foi o que melhor o representou, ao ponto de ter tido sua carreira comprometida por ser sempre ligado ao personagem. Hoje temos Hugh Jackman e Robert Downey Jr. extremamente ligados aos seus personagens, Wolverine e Homem de Ferro, respectivamente. Mas o feito alcançado por Reeve foi ainda maior. Era impossível assistir um filme posterior com ele e não esperar que a qualquer momento ele abrisse a camisa e revelasse o uniforme do herói. Para comprovar isso, basta assistir aos episódios aonde ele aparece em Smallville, mesmo após o acidente que o deixou tetraplégico, a presença dele foi suficiente para tornar os episódios inesquecíveis e com um peso e presença incomparáveis.


"Você me salvou! E quem salva você?"

Também é válido de registro as homenagens no filme, como na cena em que o jovem Clark Kent corre pelos campos do Kansas e aposta corrida contra um trem. Na cena que aparece na versão estendida, a pequena jovem que o observa pela janela chama a atenção dos pais e conta o que viu. Aí se revela que os pais da moça são os atores Kirk Alyn e Noel Neil, respectivamente o primeiro Superman e a primeira Lois Lane que estrelaram o seriado original de 1948.

A melhor primeira aparição da história

O roteiro ainda é excelente, mostra uma história que não era clichê na época, e se hoje em dia pode ser considerada como um, deve-se a este filme. Foi muito bem escrito, muito bem desenvolvido. Apesar de ser uma fantasia, um dos lemas nos sets de filmagem era “verossimilhança”. E ela foi alcançada. Encontramos no filme, o verdadeiro Super dos quadrinhos da era de prata.

Margot Kidder nos entrega a melhor Lois de carne e osso que já vimos. O que lhe falta em beleza, lhe sobra em carisma e competência. Atriz competentíssima que nos deixou recentemente. Vale ressaltar como curiosidade de que ela estava praticamente confirmada para comparecer ao Brasil neste ano durante a CCXP para as comemorações dos 40 anos do filme e dos 80 anos do personagem. Uma pena mesmo não ter sido possível.
 
Ele sempre será "Um amigo."
Incrível como tudo funciona no filme, seja pelo vilão incrível entregue por Hackman, até hoje jamais superado na filmografia do herói, com seus auxiliares que funcionam como alívio cômico. Com um esconderijo incrível e muito bem armado, como somente podemos ver nesta versão estendida, aonde o Super enfrenta suas armadilhas até chegar a confrontar o vilão.

Os efeitos especiais continuam nos surpreendendo, principalmente se considerarmos que são de 40 anos atrás. Por muitos e muitos anos foram referência e elogiados. É claro que hoje em dia algumas sequências podem ser criticadas e mostrar sua idade. Mas seria covardia querer comparar com efeitos digitais de hoje em dia. Talvez a principal cena a ser criticada, seja a do Superman erguendo a costa da Califórnia e reparando a placa tectônica que a sustenta. Nos quadrinhos da época isso até poderia acontecer, mas hoje pode ser livremente criticada. Além de algumas sequências de voo que hoje podem parecer datadas e revelar o croma key.
 
Descendo
E como não falar da mais incrível e fantástica trilha sonora de um filme de herói? Mesmo que hoje muita gente chegue a se arrepiar ao ouvir o tema dos Vingadores durante o Guerra Infinita, ou apenas no novo trailer de Vingadores 4, a sensação de ouvir os acordes inesquecíveis de John Williams é o ponto alto do filme. O mesmo mago que criou tantas obras inesquecíveis, como Star Wars, Indiana Jones, Tubarão e tantas outras. Mas esta aqui é de arrepiar e nos fazer querer levantar da cadeira. É algo que os filmes mais recentes perderam e poderiam utilizar. Ela com certeza tem uma grande porcentagem no sucesso do filme. Some a trilha e imagine a cena da revelação do Super no filme salvando a Lois Lane e o helicóptero da queda nos céus de Metrópolis, com todo o povo aplaudindo e vibrando na cena e tenho certeza de lembrar do cinema vindo abaixo em aplausos e assobios na época.


A única coisa que pode ser criticada na história do filme, seria o seu desfecho, com o Superman fazendo a terra rodar ao contrário para retroceder o tempo. Mas devemos lembrar que em 1978, no período pré-Crise nas Infinitas Terras, o azulão possuía este poder. Muitas histórias em quadrinhos da época o mostram voando em alta velocidade para viajar no tempo. Porém entendo que esta foi a melhor forma de mostrar isso nas telas, na época.
 
Mais uma referência...
Uma pena a demissão do diretor antes de finalizar a sequência, pois hoje podemos saber como teria sido. Na caixa em Blu-ray além desta versão estendida, há uma versão especial do segundo filme, chamada de Director’s Cut, que mostra a visão que Donner possuía para o filme e utiliza muitas cenas que foram gravadas e não aproveitadas na época numa montagem especial do filme. Ele seria muito melhor do que foi a continuação.
 
Cenas extras da invasão ao covil de Lex Luthor
Poderia falar de diversos temas, como o tom messiânico do filme e do herói, ou ainda relacionar com a homenagem que foi o filme Superman O Retorno, mas hoje eu quero apenas me deleitar com as imagens e memórias do filme que revi ontem.


Enfim, para todos que hoje curtem filmes de heróis, sejam da Marvel, DC ou de alguma outra editora, devem redescobrir este filme. Incrível e fantástico são apenas algumas das palavras que servem para defini-lo. Nota 10!
 
Inesquecível


Eu saí daquela sessão de cinema correndo e esticando os braços, como se voasse. O garoto de 8 anos que saiu do cinema, até hoje é fã do Superman, aprendeu a ler quadrinhos e se tornou cinéfilo. Tudo porque passei a acreditar que um homem poderia voar graças a esta obra-prima. Em 2012, logo após sair da sessão do filme Os Vingadores, cheguei a falar que finalmente um filme havia superado Superman e mereceria a alcunha de Melhor Filme baseado em quadrinhos de todos os tempos. Mas esqueçam. Foi a empolgação do momento. Vingadores é sim, um dos melhores do gênero, mas este, é incomparável.
 
Perseguição ao míssil que mudaria o filme II.


Obs. Vai um agradecimento especial ao meu tio Paulo Ricardo, que foi quem me levou a uma sessão para assistir a Superman II logo depois desta matinê. Era uma sessão noturna, legendada em que o fiz ler todas as legendas para mim. Um forte abraço Neco.

Para o alto e avante!


quinta-feira, 20 de julho de 2017

Spider-Man: Homecoming (2017)

E eis que surgiu a oportunidade de assistir ao Homem Aranha: De volta ao lar no cinema em Campinas-SP. E vejam só o filme é excelente. É literalmente o personagem transposto dos quadrinhos para as telas. Muito bem feito e com uma história muito bem escrita.


Sinopse:
Depois de atuar ao lado dos Vingadores, chegou a hora do pequeno Peter Parker (Tom Holland) voltar para casa e para a sua vida, já não mais tão normal. Lutando diariamente contra pequenos crimes nas redondezas, ele pensa ter encontrado a missão de sua vida quando o terrível vilão Abutre (Michael Keaton) surge amedrontando a cidade. O problema é que a tarefa não será tão fácil como ele imaginava.

Para quem ainda não sabe nos anos 90 a Marvel nos quadrinhos estava em um péssimo momento e chegou a abrir falência, então para se capitalizar vendeu os direitos de alguns personagens para estúdios de cinema. A Fox comprou Os X-Men, Demolidor e Quarteto Fantástico, a Sony ficou com o Homem Aranha. Foi através dela que se produziram os 5 filmes anteriores. Era o mesmo personagem, mas ele não “habitava” o mesmo universo aonde se ambientam os filmes da Marvel (Vingadores) após sua recuperação financeira. Agora após um acordo entre os estúdios a Sony cedeu os diretos do cabeça de teia para a Marvel e ele finalmente está no mesmo universo dos demais, voltando ao lar.

Quanto ao filme ele me capturou desde o começo. Sempre fui fã do teioso e aqui ele está muito bem representado. A história flui com naturalidade e de maneira bem convincente. É uma das muitas versões do Aranha nos quadrinhos, talvez a mais marcante. A do adolescente na escola, que é nerd, que sofre bulling, que não consegue se aproximar da garota que gosta. Enfim, é o retrato do adolescente que inicia a se interessar por quadrinhos (pelo menos nos anos 80 e 90 era assim). O ator Tom Holland está muito confortável e convincente como Peter e como Aranha. Foi a escolha ideal. Os demais personagens também estão muito bem, e embora algumas adaptações e mudança de etnias de personagens dos quadrinhos tenha me incomodado, não posso negar que eles funcionam bem nas telas.

O vilão, que nos filmes da Marvel não têm sido tão marcantes, salvo poucas exceções, aqui está muito bem. Michael Keaton como Abutre convence, tem motivações plausíveis e não decepciona em nenhuma cena. Espero que volte no futuro e que traga seus comparsas que também se encontram em um nível bem próximo dele.

Os efeitos estão excelentes, as cenas de luta estão muito bem coreografadas, os efeitos do Aranha em ação beiram a perfeição. As grandes cenas do filme são muito competentes e embora “eu” não tenha gostado do desfecho da cena da balsa que aparece já no trailer, as demais cenas grandiosas são estupendas, com destaque para a cena em Washington; e, graças a Deus, Tony Stark e o Homem de Ferro não roubam o filme e nem aparecem demais. Estão presentes na medida certa e são coerentes com as ideias que a Marvel plantou em Guerra Civil. As cenas do Aranha entendendo e testando os upgrades do uniforme são hilárias, divertidas e condizem com as criações de Tony Stark dos filmes.

Vemos uma Nova Iorque que ainda não havia sido mostrada na Marvel, com detalhes e ambientações identificadas dos quadrinhos, ela que sempre foi uma coadjuvante sempre presente das hq’s do personagem se faz presente aqui de forma bem intimista, assim como foi homenageada nos filmes do Sam Raimi.


Agora li várias críticas após assistir ao filme, e todas elas são meio que unânimes a não exaltar o filme como fantástico ou maravilhoso, acredito que em parte porque muitas cenas que levantam o filme já não são novidades depois de tantos filmes deste universo e dos da concorrente DC. Mas sim, o filme é excelente. E se não estivéssemos tão acostumados com cenas heroicas todos os anos, o filme seria sim exaltado como merece. Este é o filme do Homem Aranha que sempre desejamos assistir. Um Filmaço e com “F” maiúsculo. Vale com toda a certeza uma nota 9!

Ps.: Neste MCU fica mais aceitável não ouvir em nenhuma cena a frase "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", principalmente pela ausência do Tio Ben. Por diversas vezes a frase é subentendida em algumas cenas, como na conversa com o Tony Stark. Isso, nos filmes de Mark Webb não desceu bem, foi algo que ficou faltando.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Mr. Church (EUA, 2016)

Eu acredito que todos saibam o que Pulp Fiction fez pela carreira do ator John Travolta. Quando não se esperava mais ouvir falar dele, eis que ele aproveita uma chance única e renasce em sua carreira. Pois eis que aqui temos um exemplo bem semelhante acontecendo agora com o ator Eddie Murphy. O filme o resgata de maneira decente e edificante, permitindo que ele mostre todo o seu talento, sem que para isso ele precise de um personagem cômico e muito menos “verborrágico” como os que ele interpretou ao longo de sua carreira.

Sinopse:
Murphy é o personagem titular da produção, um talentoso cozinheiro que após a morte de um amigo, decide cumprir, à pedido do próprio antes de falecer, a promessa de cozinhar para Marie (Natascha McElhone, de Ronin), a ex-amante do falecido, e sua filha, a pequena Charlie, até que Marie venha a sucumbir ao câncer, que colocou uma estimativa de apenas seis meses de vida nas costas de Marie. No entanto, o que à princípio seria apenas uma prestação de serviços com data para terminar, acaba evoluindo para uma longa e honesta amizade entre os envolvidos.

O assisti neste final de semana, acompanhado de minha esposa. O filme foi uma surpresa e tanto. Não é um filme de grande circuito, que acredito inclusive não tenha sido lançado nos cinemas do Brasil. Pelo menos não vi nada a respeito. Com certeza não irá bater nenhum recorde de bilheteria mundo afora, ou nem mesmo ser indicado a nenhum grande prêmio, mas conquistou um lugar especial nos corações de quem o assistiu. O filme, inspirado em fatos reais, é sensível e nos apresenta personagens originais e encantadores. Vemos o desenvolvimento de uma amizade verdadeira, que vai nascendo e crescendo ao decorrer do tempo do filme. É algo totalmente bem feito, sem apelação e que nos mostra que existem pessoas que podem nos fazer mudar, que podem realmente fazer as coisas valerem a pena quando executadas em cumplicidade. E isso se percebe quando cada aspecto da relação de profunda amizade e respeito que surge entre Church e Charlie, tem sua razão de ser e um peso na narrativa, que nunca perde o foco e nem derrapa para o sentimentalismo. Algumas sequências da produção, especialmente as que trazem o personagem em interação com Marie, são absolutamente adoráveis, e de extremo bom gosto.
Sem pieguices ou clichês, a história do filme se desenvolve com absoluta coerência, sem ser didático demais ou sem mesmo explorar os “comos” e “por quês”, afinal, não há necessidade. Tudo fica implícito.

O diretor Bruce Beresford estava devendo um trabalho deste nível desde seu Oscar em 1989 e aqui ele mostra que não perdeu a mão. Os elogios do parágrafo acima passam por suas escolhas e opções. Ele entrega um resultado que não cansa e é extremamente competente com o que mostra na tela.

Além da Murphy, que obviamente não trabalha só, temos excelentes interpretações das ótimas Britt Robertson (e claro, das meninas que a interpretam quando criança) e da Natascha McElhone. Mas mesmo assim não há como negar que o filme é todo dele.

Mr. Church é uma obra encantadora e sensível, tem um ótimo diretor e um protagonista que se destaca muito. Seria excelente se ele, ao menos, for lembrado, como melhor ator, por algum dos prêmios que veremos no próximo ano.

Nota: 8,5


O release assistido é excelente, com imagem no aspecto correto, com excelente qualidade, mesmo nas cenas mais escuras, preservando as escolhas do diretor com uma paleta de cores muito bonita e com o granulado inerente de um filme que se ambienta a partir dos anos 70 e entra nos anos 80. Som de alta qualidade que valoriza a excelente trilha sonora.

Mr.Church.2016.LIMITED.720p.BluRay.x264-DRONES

domingo, 17 de julho de 2016

Stranger Things

Final de semana, frio, família, enfim, tudo pede um bom filme ou uma boa série.

E foi assim que vi o primeiro episódio de Stranger Things, série original da Netflix.

Sinopse: Ambientada em Montauk, Long Island, conta a história de um garoto que desaparece misteriosamente. Enquanto a polícia, a família e os amigos procuram respostas, eles acabam mergulhando em um extraordinário mistério, envolvendo um experimento secreto do governo, forças sobrenaturais e uma garotinha muito, muito estranha.

Bom, assisti apenas ao primeiro episódio, então não posso garantir que série se manterá coesa e excelente até o final, mas a primeira amostragem foi extremamente positiva.

Acho que Nostalgia seja a palavra ideal para descrevê-la. Uma série que me conquistou no primeiro episódio. Anos 80 puro. Na verdade ela se ambienta no começo dos anos 80 (na série é citada a HQ X-Men 134 que foi publicada em junho de 1980 e há um cartaz do filme O Enigma de Outro Mundo, The Thing no original, que é de 1982). Todo aquele clima de mistério e suspense juvenil estão presentes. Some uma reconstituição de época impecável, protagonistas muito bem escolhidos e temos a sensação de estar vendo um filme de Steven Spielberg (meu diretor favorito).

Muitas referências, em especial à E.T. e The Thing. Se a série manter a qualidade do primeiro episódio já estará fazendo um grande serviço, se melhorar só temos a ganhar. Ao mesmo tempo não é para todo mundo, mas se gosta do gênero e das referências citadas, irá gostar. Bem ao estilo do filme Super 8. Imagino que os próximos episódios tenham muito a explorar e desenvolver. Da trilha sonora, efeitos e ambientação tudo me agradou. A imagem é impecável e toda a paleta de cores remete aos filmes dos anos 80. O som 5.1 é excelente, muito bem distribuído e presente, o que não é muito comum em séries.

Os mistérios e sugestões apresentadas tem tudo para serem bem desenvolvidas, sem muita enrolação, uma vez que a série só possui 8 episódios.

Recomendadíssima.

domingo, 15 de maio de 2016

Batman vs Superman – A Origem da Justiça



No começo dos anos 80 eu fui pela primeira vez ao cinema. Fui assistir a Superman II – A Aventura Continua. Até hoje é inesquecível para mim tamanho a emoção e comoção que gerou. Claro, eu tinha em torno de 8 anos, plenamente aceitável eu sair do cinema imitando o Super, correndo pelas calçadas com os braços estendidos como se fosse voar. Claro que voltei ao cinema e assisti ao primeiro, pois era normal o nosso cinema de cidade pequena reprisar filmes, em especial quando haviam continuações. Foi assim que assisti Star Wars – A New Hope, em reprise na semana de estreia do Retorno de Jedi.

Mas me atendo ao filme em questão, nada me tira da ideia de que ele só existe como um ato de desespero da DC para correr atrás do prejuízo e tentar alcançar e tentar roubar parte dos milhões que a Marvel está conquistando com seus filmes. Só isso explica a forma precipitada como seus maiores personagens foram jogados no filme.

Ele até começa bem, com o ponto de vista de Bruce Wayne a respeito da “batalha de Metrópolis” que havia sido mostrada em O Homem de Aço. A fotografia, em todo o filme até antes do ato final, é belíssima e é a melhor coisa do filme. Foi uma ótima ideia começar o filme com este ponto de vista, sem esquecer da rápida explicação da origem do Batman intercalada. Já que ele não teve origem nesta nova fase da DC, a solução encontrada foi satisfatória. Aqui o Ben Affleck começou a se destacar e mostrar que não se abateu com os comentários que pipocaram na internet quando foi escolhido para interpretar o personagem.

É de longe o melhor personagem do filme. Transita muito bem entre Bruce Wayne e Batman. É interpretado até meio psicótico, mas crível. Porém não me agradou “o” Batman escolhido para ser levado as telas. Ele claramente existe há vários anos e já possui o respeito, e até mesmo, o auxílio da polícia de Gotham. Mesmo assim ele é violento ao extremo, usa armas e mata bandidos. Pasmem. Não foi este Batman que eu admirei e li por toda minha adolescência. Eu li Batman e Superman pré-Crise, pós crise e boa parte dos anos 90 até os anos 2000. Após este período apenas leituras esporádicas. Ele se tornou isso atualmente??? Li muita pouca coisa dos falados Novos 52 e confesso que o que li é muito, mas muito inferior ao que possuo na memória, como Batman Ano Um, As dez noites da Besta, Acossado, O Cavaleiro das Trevas, O Homem de Aço (de John Byrne, não o filme mais ou menos), Lendas, Crise nas Infinitas Terras e tantas outras sagas.

Críticas aqui ao Batman que mata, que usa armas, que é forte demais, ao ponto de jogar bandidos, com apenas um dos braços, de um lado ao outro de uma sala, que atravessa pisos entre um andar e outro, que chega ao ponto de tomar tiro na nuca, a queima roupa, e nem sentir (não importa o nível de blindagem, isso é irreal demais). Ele não funciona como ícone. O Batman, o verdadeiro, é um atleta no auge de suas habilidades, exímio lutador e dono de inúmeros e caros brinquedos. Ele não tomou o “Soro do Supersoldado” e isso sempre foi o seu trunfo em relação à concorrência. Que aqui foi jogado fora.

Mesmo suas habilidades como o melhor detive do mundo foram menosprezadas, por um Alfred convincente, mas que rouba parte das habilidades de Bruce.


Henry Cavil funciona, melhor, já é o próprio Superman, mas sofre com um roteiro raso. As suas cenas como Clark Kent são as mais descartáveis do filme. Aquelas que se passam no Planeta Diário são de uma preguiça tremenda do roteiro e totalmente dispensáveis. Para mim, uma das piores escolhas do filme para ser mostrado na tela.

Gal Gadot é uma boa surpresa. Apesar de pouco tempo de tela, não compromete. É aceitável como Diana, ainda que que caia de paraquedas na história, mas que aceitamos por saber que ela terá seu filme solo para ser melhor explorada. Fez uma ótima Mulher Maravilha e seu filme promete ser interessante.

Me surpreendi com a Lois Lane. Bela, recatada e do Super. Funciona muito bem, é relevante para a história sem ser forçada.

O Coringa, ops, Lex Luthor, é o equívoco do filme. Acho que tentaram se distanciar dos outros “Lex” de filmes anteriores, mas pecaram demais. Se fosse para mostrar a origem de um Coringa, conforme comentou um amigo em um grupo no facebook, até funcionaria. Mas é um Lex sem charme e sem inteligência, que peca vergonhosamente no filme. Ele não possui motivação e cai em clichês de filmes antigos de monstros que são criados e não podem ser controlados. Vergonha.

O que nos leva ao clímax do filme, a batalha e ao ato final, aonde o filme se perde. A luta dos protagonistas é legal, empolga, mas é uma situação que foi feita a partir de um mal-entendido e falta de conversa, o que não ocorreria nas histórias da DC. Faltou motivação.

Mas o pior estava por vir, segundo um amigo, eles enfrentam no final uma Tartaruga Ninja vitaminada e isso não me saía da mente enquanto assistia. Essa sequência foi desnecessária no filme. Serviu para mostrar a Mulher Maravilha e só. Até o CGI que até então funcionava bem, ficou excessivo e falso. Inclua aí a resolução da criação da Liga através de um e-mail e câmeras de segurança e temos um filme que compete com o Lanterna Verde e Superman III e IV. Que desaba sobre seu próprio peso e importância para os planos da DC.
 
Você é uma Tartaruga ninja?
Um filme longo demais, aonde muitas partes deveriam ser cortadas, uma montagem equivocada, a transição entre as cenas e aspectos do filme muito mal elaboradas, que causam sono durante a primeira 1 hora, as lutas mal resolvidas e o último ato desnecessário fazem deste filme, na minha opinião, o Transformers dos filmes de Super-heróis. Muito barulho, cenas de lutas aonde muitas vezes não se consegue visualizar as batalhas, muito dinheiro gasto e arrecadado. Nem mesmo a trilha sonora consegue empolgar, sendo muito pesada e nada marcante. A parte dos sonhos é totalmente dispensável, foi algo como se a DC estivesse nos dizendo: Olha o que pretendemos fazer em um futuro próximo, legal né? Não contribuem em nada para a história do filme.

Uma nota 5,5 para o filme que esperei que fosse muito bom, mas que falhou na principal parte, capturar o público e os fãs. Se salva a redenção de Ben Affleck que dá a volta por cima no mundo dos supers, após sua queda em Demolidor, que é, vejam só, superior a este aqui como filme.

Release assistido: Batman.v.Superman-Dawn of Justice.2016.1080p.TC.X264.Masteredition.Hive-CM8