Eu sempre soube quem era o Tintim. Porém, apesar de ler
muitos quadrinhos desde a infância, não devo ter lido mais do que uma ou duas
aventuras do personagem, mas assisti alguns episódios do desenho animado. Sei
apenas o básico sobre ele e nada mais. Nenhum detalhe aprofundado. Pois isso
não me impediu de curtir o belíssimo filme feito inspirado no personagem.
Ainda mais em um release de alta definição em 720p com uma
imagem espetacular. Diria que é daquelas de fazer cair o queixo. Imagens lindas
e perfeitas, do tipo que pode ser usada para demonstrar o que realmente é a
alta definição, ou para exibir uma TV nova. E o som não fica para trás, é um
DTS poderoso que faz notar sua presença com a perfeita utilização dos graves e
dos surrounds.
Sinopse:
Tintim (Jamie Bell) é um jovem repórter, que está sempre
atrás de boa matéria. Um dia, ele vê à venda na rua o modelo de um galeão
antigo e resolve comprá-lo. Logo dois outros interessados o abordam, querendo
adquirir o objeto, mas Tintim não o vende. Ele leva o galeão à sua casa, onde o
coloca em destaque. Só que a entrada de um gato faz com que Milu, seu cachorro,
o persiga dentro de casa e, por acidente, derrube o galeão. Ele fica danificado
e um pequeno cilindro sai de seu interior, sem que Tintim perceba. Logo Tintim
e Milu vão à biblioteca, onde tentam encontrar mais informações sobre o navio
retratado no modelo. Ao retornar percebem que o galeão foi roubado. Tintim vai
até a mansão recentemente comprada pelo doutor Sakharine (Daniel Craig), um dos
interessados em comprar o modelo, mas nada descobre. Ao retornar ele encontra o
cilindro e percebe que, dentro dele, há uma pista para um tesouro perdido. É o
início de uma nova aventura, onde Tintim e Milu se juntam ao capitão Haddock
(Andy Serkis) na disputa contra Sakharine para encontrar o tesouro.
Levar As Aventuras de
Tintim para as telas sempre foi um sonho antigo
de Steven Spielberg. O cineasta conheceu a história em
quadrinhos de Georges Remi,
o Hergé, quando um jornal francês comparou, na
década de 1980, seu Indiana Jones
e os Caçadores da Arca Perdida à série estrelada pelo repórter Tintim e seu fiel cachorro, Milu, segundo o que foi noticiado na
imprensa especializada.
Durante anos ele tentou vender a ideia para que algum
estúdio financiasse o projeto, mas por ser uma aposta de alto risco demorou
muito tempo até conseguir. No meio do caminho viu surgir novas formas de
animação e a evolução das técnicas de captura de movimento e dos efeitos
especiais. Até que de tanto insistir, e usando a força de seu próprio nome
conseguiu convencer os engravatados a liberarem a grana para o projeto.
A trama faz uma
fusão de dois álbuns de Tintim: O Caranguejo das Tenazes de Ouro e O
Segredo do Licorne. Nela, depois do primeiro encontro de Tintim e o Capitão
Haddock, começa a caçada ao tesouro do pirata Rackham, o Terrível, uma perigosa jornada que reacenderá
rivalidades ancestrais. O ponto de partida é excelente para apresentar os
personagens principais e estabelecer o filme como uma história de origem,
evitando os clichês do gênero.
O fato que quero destacar
é que o filme (ou seria animação?) funciona com perfeição. Empolga até quem não
conheceu o personagem previamente, como minha filha de 11 anos, que o assistiu
juntamente comigo e minha esposa e adorou. Uma prova sólida de que Spielberg
acertou a mão.
Na verdade considero
este o melhor filme de Steven Spielberg nos últimos (pelo menos) 10 anos. Cheio
de ação e aventura, tomadas mirabolantes e ao mesmo tempo incríveis, que nos
fazem imediatamente lembrar de Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, o
que me leva a pensar na comparação citada no começo do post e concordar com
ela. E isso acaba sendo um atestado de que ele (o diretor) está de volta à sua
velha forma. O que é uma notícia e tanto. Penso que quem se divertiu nos
cinemas com Tubarão, Contatos Imediatos, E.T. e principalmente Indiana Jones,
irá se render à habilidade do diretor e reviver seus melhores momentos.
O filme foi feito
com a, atualmente, muito utilizada técnica de captura de movimentos, onde
atores usam roupas especiais, cheias de sensores, que captam seus movimentos
para que sejam inseridos em cenários digitais e tenham seus corpos substituídos
por personagens também digitais, como foi feito com o Gollum de O Senhor dos
Anéis, com o macaco King Kong e também com o Cesar de Planeta dos Macacos – A
Origem. Não por acaso, o ator pioneiro nesta técnica, Andy Serkis, está
presente aqui também. Posso dizer que neste filme a técnica atingiu seu ponto
máximo, ao ponto de cerca de 2 minutos após o começo do filme, você esquece que
está vendo uma animação e tem a impressão de um filme em live action, tal a
qualidade da imagem e fluidez de movimentos.
Logo no começo é
feita uma homenagem ao personagem original que é simplesmente genial, que irá
fazer aqueles que leram as tiras ou assistiram aos desenhos animados perceberem
no momento em que ela aparecer na tela.
Uma grande sacada do diretor.
O filme empolga do
começo ao fim. Logo que a aventura começa engata uma quinta marcha e não
desacelera mais. Porém isso não é demérito nenhum. Pois a aventura é conduzida
por mãos habilidosas, e, mesmo que em alguns momentos venhamos a quase ficar
sem ar, podemos curtir cada minuto do filme. Talvez a crítica aponte que
algumas cenas mirabolantes, como a fuga no porto, fujam da essência do
personagem original, mas no filme, ela se encaixa como uma luva para
complementar tudo aquilo que foi construído até então.
Para não fugir de
seu costume, o diretor utilizou outra “lenda” que sempre o acompanha em seus
filmes, o maestro John Willians, que aqui compôs uma trilha exuberante que
pontua cada cena de ação com músicas que nos fazem embarcar na aventura sem nem
mesmo perceber. O que acaba sendo uma covardia para o espectador desavisado.
Não há como não ser fisgado.
Como curiosidade,
vale citar que o projeto de levar Tintim aos cinemas é uma produção conjunta de
Steven Spielberg e de Peter Jackson. O que permitiu a Steven ter um diretor de
segunda unidade do quilate de ninguém menos que aquele que foi (ou é)
considerado o sucessor dele próprio no gênero de aventura e fantasia. Essa
parceria determina que, caso o estúdio concorde em fazer uma continuação do
filme, a direção passará para Peter Jackson e Spielberg é quem ficará como
produtor e auxiliador. Mais um motivo para torcer pelo sucesso do filme nas
bilheterias. Infelizmente a geração atual que frequenta os cinemas acaba
preferindo mais filmes feitos no estilo videoclipe ou então prefere acompanhar
vampiros emos e a bilheteria do filme não tem sido tudo aquilo que se esperava.
Mas ainda há tempo de virar o jogo no segundo tempo.
Em resumo, é um
filme para ser curtido do começo ao fim, sem medo da viagem que nos é proposta.
A aventura promete ser sem igual. Some
isso ao fato de termos um filme do mestre em sua velha forma e não haverá
desculpas para deixar de assisti-lo.
Com certeza merece
ser visto mais de uma vez, e eu com certeza o farei assim que for possível.
Não nos deixe a deriva Tintim, retorne em novas aventuras |
Agora, refazendo
minha frase lá do começo do texto: Eu sempre soube quem era Tintim; mas agora
eu posso dizer que conheço Tintim e estou ansioso por novas aventuras.
Levará uma nota 8,5.
Quem sabe na segunda conferida a nota ainda melhore mais.
Release baixado: The.Adventures.of.Tintin.2011.720p.BluRay.x264-MHD
PS. Este é o post de
número 100 do blog. Nem eu imaginava ter tempo e paciência de chegar até aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário